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quarta-feira, 27 de maio de 2015

A Sabedoria Antiga - Capítulo 2 - O Plano Astral - Parte 02

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Além da classe dos elementais-artificiais, o mundo astral encerra uma população densa, embora não incluindo nesse número os seres humanos desembaraçados do corpo físico pela morte. Encontramos aí inumeráveis legiões de elementais-naturais, ou espíritos da natureza, divididos em cinco classes principais: os elementais do éter (a), do fogo, do ar, da água e da terra. Estes quatro últimos grupos receberam dos ocultistas da Idade Média os nomes, respectivamente, de salamandras, silfos, ondinas, gnomos (existem ainda outras duas classes que completam o setenário, mas estas não nos interessam por enquanto porque ainda não se manifestaram).

São estes os verdadeiros elementais, ou criaturas dos elementos: terra, ar, água, fogo e éter. Estes seres têm a missão de pôr em atividade as forças que se prendem aos seus elementos respectivos.

Constituem os canais através dos quais as energias divinas operam nos diversos meios. São, para cada elemento, a expressão viva da lei. À frente de cada uma de suas divisões se encontra um Ser elevado, um Deva (1), chefe de um poderoso exército, suprema inteligência diretora do departamento da natureza que os elementos da classe considerada administram, e cujas energias põem em movimento.

Assim, Agni, Deus do Fogo, é uma entidade espiritual suprema, que preside às manifestações do fogo em todos os pontos do Universo; exerce sua administração por intermédio de legiões de elementais do fogo.

A natureza destes seres sendo bem compreendida, e os métodos que permitem dirigi-los, conhecidos, os pretensos milagres ou trabalhos mágicos, que de tempos em tempos atraem a atenção da imprensa, tornam-se  possíveis e perfeitamente compreensíveis. O processo é sempre o mesmo, quer a operação seja abertamente admitida como resultado das artes mágicas, quer seja atribuída a "espíritos" como no caso do falecido M. Home, que podia colher tranquilamente um carvão ardente em um braseiro e mantê-lo na mão sem experimentar a menor dor (b). O fenômeno da levitação (suspensão de um corpo no ar sem nenhum suporte visível) e o conhecido fenômeno de andar sobre a água são executados com o auxílio dos elementais do ar e da água, simultaneamente empregados.

Como os elementos entram na constituição do corpo humano, e sempre algum deles predomina, conforme a natureza da pessoa considerada, todo o ser humano está em estreita relação com os elementos, e estes lhe são particularmente favoráveis conforme a afinidade que existir entre ambos. Como consequência deste fato, frequentemente observado, vemos muitas vezes o vulgo atribuir o caso à "sorte".

Diz-se que uma pessoa tem a "mão boa" para plantas, para acender fogareiros ou para achar águas subterrâneas, etc. A natureza, por meio de suas forças ocultas, a cada instante nos faz vibrar, mas somos lentos em perceber suas indicações. muitas vezes a tradição esconde, em um provérbio ou uma fábula, uma verdade profunda, mas parece que há muito passamos a época de tais superstições.

Encontramos igualmente no plano astral espíritos da natureza (este nome convém melhor que o de elementais) que se ocupam da construção das formas nos reinos mineral,vegetal, animal e humano. Há espíritos da natureza que canalizam as energias vitais nas plantas, e que constroem os corpos, molécula por molécula, no reino animal. Presidem à construção do corpo astral dos minerais, das plantas, dos animais como também dos respectivos corpos físicos.

São esses espíritos as tradicionais fadas e os elfos das lendas, os pequeninos seres que representam tão grande papel no folclore das nações, os filhos encantadores e irresponsáveis da natureza, friamente relegados, pela ciência, às mãos das amas. Um dia virá em que lhes renderão justiça, devolvendo-lhes o lugar que eles ocupam na ordem natural. Mas enquanto esperamos, somente o poeta e o ocultista acreditam em sua existência: o poeta pela intuição de seu gênio; o ocultista pela visão de seus sentidos internos desenvolvidos. A multidão escarnece tanto de um como de outro, sobretudo do ocultista - mas isto pouco importa; um dia a Sabedoria será reabilitada por seus filhos.

A ativa circulação das correntes de vida no duplo etérico das formas minerais, vegetais e animais desperta pouco a pouco de seu estado latente a matéria astral que jaz oculta em seus constituintes atômicos e moleculares.

A princípio, esta matéria começa a vibrar nos minerais muito fracamente. A Mônada da Forma, exercendo seu poder organizador, vai atraindo em torno dela alguns materiais com o auxílio dos quais os espíritos da Natureza constroem o corpo astral mineral, massa confusa, sem organização precisa.

No reino vegetal, o corpo astral é um pouco melhor organizado, e sua característica especial, a "sensação", começa a manifestar-se. Já se podem observar, na maioria das plantas, sensações surdas e confusas de bem ou mal-estar, que são o resultado da atividade crescente do corpo astral. As plantas gozam vagamente do ar, do sol, da chuva, que procuram às apalpadelas, ao passo que se esquivam diante das condições nocivas. Algumas procuram a luz, outras a obscuridade. Elas respondem às excitações e se adaptam às condições externas.

Finalmente, em alguns tipos vegetais superiores, o sentido do tato já se manifesta claramente.

No reino animal, o corpo astral é mais desenvolvido e, nos representantes mais elevados, atinge uma organização suficientemente perfeita para manter sua coesão durante certo tempo, após a morte do corpo físico, e para levar uma existência independente no plano astral.

Os espíritos da natureza, que presidem à construção do corpo astral animal e humano, receberam o nome especial de elementais do desejo ou Kamadevas (deuses do desejo) porque são poderosamente animados por toda espécie de desejos, e se introduzem continuamente na constituição dos corpos astrais humano e animal. Ainda mais, eles tiram do meio ambiente, para construir os corpos astrais dos animais, todas as variedades de essência elementar análogas às que compõem a sua própria forma, de modo que estes corpos adquirem, como parte integrante de sua estrutura, os centros sensoriais das diversas funções passionais.

Tais centros são postos em atividade pelas excitações que os órgãos físicos grosseiros recebem, excitações transmitidas através dos órgãos etéricos até o corpo astral. Enquanto os centros astrais não são atingidos pela excitação, o animal não experimenta nem prazer nem dor.

Bate numa pedra, não experimentará dor alguma. Ela possui moléculas físicas grosseiras e etéricas, mas o seu corpo astral não está organizado. O animal, ao contrário, sente dor em consequência do choque porque possui os centros astrais da sensação, centro estes tecidos em sua natureza pelos elementais do desejo.

Como sabemos que, na construção do corpo astral humano intervém uma consideração nova na operação destes elementais, vamos primeiramente terminar a revista dos habitantes do plano astral, antes de passar ao estudo da forma astral humana, muito mais complexa.

Como já vimos, o corpo do desejo (2), ou corpo astral dos animais, tem, no plano astral, uma existência independente, embora efêmera, depois que a morte destrói o invólucro físico. Nos países “civilizados”, estes corpos astrais dos animais fundem-se, concorrendo em grande parte para aumentar o sentimento de geral hostilidade de que já falamos.

O massacre organizado e sistemático dos animais nos matadouros, as matanças que o amor pelo esporte provoca lançam a cada ano no mundo astral milhões de seres cheios de horror, de espanto, de aversão pelo homem.

O número comparativamente mínimo de criaturas que deixamos morrer em paz perde-se no meio das imensas multidões dos assassinatos; e as correntes que estes geram derramam, do mundo astral, sobre animais e homens, influências que tendem a aumentar este repúdio, porque produzem duma parte o temor e a desconfiança "instintivas" e, doutra, o amor à crueldade.

Estes seres têm sido fortemente superexcitados, há alguns anos, devido aos métodos de tortura científica, friamente premeditados, conhecidos pelo nome de vivissecção, métodos cuja crueldade sem nome tem introduzido novos horrores no mundo astral, pela reação sobre os culpados; ao mesmo tempo isto aumenta o abismo que separa o homem dos seres que, algumas vezes, denominamos os "parentes pobres" (c)

Independente daquilo a que podemos chamar a população normal do mundo astral, encontram-se aí viajantes de passagem, que para lá vão por seu trabalho, e que não podemos deixar de mencionar.

Alguns deles vêm do nosso mundo terrestre; enquanto outros são visitantes vindos de regiões mais altas.

Entre os primeiros, muitos são Iniciados de diversos graus, alguns deles membros da Grande Loja Branca - a Confraria do Tibete, ou do Himalaia, como muitas vezes a chamamos (3), ao passo que outros pertencem às diferentes lojas ocultas, espalhadas pelo mundo, cuja coloração característica varia desde o branco até o negro, passando por todos os matizes do cinzento (4). São homens vivendo em corpo físico e que aprenderam a abandonar o seu invólucro corpóreo para agir conscientemente no astral. Há-os de todos os degraus de saber e de virtude, benfeitores e malfeitores, fortes ou fracos, meigos ou terríveis.

Além destes, encontramos muitos aspirantes jovens, ainda não iniciados, que aprendem a servir-se de seu veículo astral e que são empregados em obras boas ou malignas, conforme o caminho que se preparam para seguir.

Encontram-se igualmente neste plano os simples psíquicos, em diversos graus de desenvolvimento, uns sofrivelmente despertos, outros em estado de sonho ou torpor, errantes, sem direção, enquanto seus corpos físicos jazem adormecidos ou em estado de transe.

Vem em seguida a multidão dos homens ordinários: milhões de corpos astrais que flutuam ao acaso, inconscientes do mundo que os cerca, a uma distância variável dos corpos físicos, profundamente adormecidos. Em cada uma destas formas astrais, a consciência humana concentra-se em si mesma, absorvida em seus próprios pensamentos, refugiada, por assim dizer, no interior de seu invólucro astral. Como veremos dentro em pouco, o ser consciente em seu veículo astral desprende-se quando o corpo adormece e passa ao plano astral, mas fica inconsciente de tudo que o rodeia, até que o corpo astral esteja suficientemente desenvolvido para funcionar independente do corpo físico.

De vez em quando, pode-se ver nesse plano um discípulo (um chela, o discípulo aceito dum Adepto) que transpôs o seio da morte e se prepara para uma reencarnação quase imediata sob a direção de Seu Mestre. Ele goza evidentemente de sua plena consciência, e trabalha como os outros discípulos que têm ainda o corpo físico adormecido. Veremos que, em certo grau (5), é permitido ao discípulo reencarnar-se pouco tempo após a morte. E é no plano astral que ele deve esperar uma ocasião favorável para renascer.

Os seres humanos ordinários, em via de reencarnação, passam igualmente através do plano astral (6); isto será estudado mais tarde. Eles não entram em relação consciente com a vida geral do plano. Mas as atividades passionais e sensoriais de seu passado determinam uma atividade entre eles e certos elementais do desejo, e por isso estes últimos se reúnem em torno deles, ajudando na construção do novo corpo astral para a existência terrestre que se prepara.


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Notas da Autora:

(1) O estudante quererá conhecer os nomes de Devas ou cinco deuses dos elementos manifestados. Ei-los: Indra, senhor do Akasha ou éter do espaço; Agni, senhor do fogo; Pacana, senhor do ar; Varuma, senhor da água; Kshiti, senhor da terra.

(2) Kamarupa é o nome técnico do corpos astral, de Kama (desejo) e rupa (forma)

(3) É a alguns membros dessa Loja que a Sociedade Teosófica deve sua origem.

(4) Os ocultistas desinteressados, exclusivamente consagrados ao cumprimento da vontade divina, ou os que trabalham para adquirir estas virtudes, são chamados "brancos". Os que são egoístas e trabalham contra o fim divino no Universo são chamados "negros". A abnegação que irradiam, o amor e o devotamento são as características dos primeiros; o egoísmo que se concentra, o ódio e a arrogância são as marcas dos segundos. Entre os dois existem as classes cujo motivo é misto, que ainda não compreenderam a necessidade de evoluir, ou para o EU ÚNICO ou para o EU separado; e por isso lhes dei o título de "cinzentos". Os seus membros vagam sem direção para um outro grupo,
sem um fim deliberado.

(5) Ver capítulo 11 - A Ascensão humana.

(6) Ver capítulo 12 - A reencarnação.

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Minhas notas:

(a) Não devemos negligenciar o fato de que o texto é datado do século XIX e que, mesmo no início do século seguinte, a ciência ainda reconhecia a existência de um elemento denominado "éter". Esse elemento ocuparia o espaço nas regiões que posteriormente convencionou-se chamar de "vácuo". Atualmente, com a experimentação científica demonstrando a existência do bóson de Higgs, partícula que ocupa absolutamente todas as regiões do espaço, a Física Moderna deixa o termo "vácuo" provisoriamente na obsolescência e alguns físicos, como o brasileiro Marcelo Glézer, voltam a adotar o vocábulo "éter" para referir-se à constituição do espaço infinito.

(b) referência a Daniel Douglas Home, famoso medium escocês. O fenômeno mencionado pela autora, entre outros atribuídos ao psíquico, está relatado em "D. D. Home: o homem que falava com os espíritos.", de J. G. Edmons. (Editora Pensamento Ltda. São Paulo – SP).

(c) Na literatura espírita, os animais são comumente referidos como nossos "irmãos inferiores", sinalizando a responsabilidade e o parentesco evolutivo que temos para com eles.



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