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terça-feira, 27 de junho de 2017

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo V - 19 - Bem-aventurados os Aflitos



O mal e o remédio


19. Será a Terra um lugar de alegrias, um paraíso de delícias? A voz do profeta não ressoa ainda aos vossos ouvidos? Não proclamou Ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem nesse vale de dores? Vós, que nele viestes viver, esperai, pois, lágrimas ardentes e sofrimentos amargos, e por mais agudas e profundas que sejam as vossas dores, voltai os olhos para o Céu e bendizei o Senhor por vos ter querido experimentar... Ó homens! Então só reconheceis o poder do vosso Senhor quando Ele vos haja curado as chagas do corpo e coroado os vossos dias de beatitude e felicidade? Então não reconheceis o seu amor senão quando vos tenha adornado o corpo de toadas as glórias e lhe haja restituído o brilho e a alvura? Imitai aquele que vos foi dado para exemplo. Tendo chegado ao último grau da abjeção e da miséria, deitado sobre um monturo, disse ele a Deus: "Senhor, conheci todas as alegrias da opulência e me reduzistes à mais absoluta miséria: obrigado, obrigado, meu Deus, por haverdes querido experimentar o vosso servo!" Até quando os vossos olhares se deterão nos horizontes que a morte limita? Quando, afinal, vossa alma quererá lançar-se para além dos limites de um túmulo? Mas, ainda que chorásseis e sofrêsseis a vida inteira, que representa isso ao lado da eterna glória reservada ao que tenha sofrido a prova com fé, amor e resignação? Buscai, pois, consolações para os vossos males no futuro que Deus vos prepara e a causa dos vossos males no passado: e vós, que mais sofreis, considerai-vos os bem-aventurados da Terra.

Como desencarnados, quando planáveis no espaço, escolhestes as vossas provas, por vos julgardes bastante fortes para as suportar. Por que murmurar agora? Vós, que pedistes a riqueza e a glória, queríeis sustentar a luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de corpo e espírito contra o mal moral e físico, já sabíeis que quanto mais forte fosse a prova, tanto mais gloriosa seria a vitória e que, se triunfásseis, mesmo que o vosso corpo fosse lançado num monturo, dele, ao morrer, se desprenderia uma alma de resplendente alvura, purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento.

Que remédio, então, prescrever aos atacados de obsessões cruéis e de males cruciantes? Só um é infalível: a fé, o apelo ao Céu. Se, no auge dos vossos mais cruéis sofrimentos, entoardes hinos ao Senhor, o anjo, à vossa cabeceira, vos apontará com a mão o sinal da salvação e o lugar que um dia ocupareis... A fé é o remédio certo para o sofrimento: mostra sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias sombrios do presente. Não nos pergunteis, portanto, qual o remédio que curará tal úlcera ou tal chaga, para tal tentação ou tal prova. Lembrai-vos de que aquele que crê se fortalece com o remédio da fé e que aquele que duvida um instante da sua eficácia é punido imediatamente, porque sente as pungentes angústias da aflição.

O Senhor marcou com o seu selo a todos os que nele creem. O Cristo vos disse que com a fé se transportam montanhas e eu vos digo que aquele que sofre e tem a fé como amparo, será colocado sob a sua proteção e não mais sofrerá. Os momentos das mais fortes dores lhe serão as primeiras notas alegres da eternidade. Sua alma se desprenderá de tal maneira do corpo que, enquanto este se contorce em convulsões, ela planará nas regiões celestes, entoando, com os anjos, hinos de reconhecimento e de glória ao Senhor (1).

Felizes os que sofrem e choram! Que suas almas se alegrem, porque Deus as acumulará de bem-aventuranças. Santo Agostinho (Paris, 1863.)

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Minha nota:

(1) Como um exemplo bem eloquente dessa afirmação, lembremo-nos do que acontece na provação final de Lívia Lentulus, quando martirizada no circo romano, no livro "Há dois mil anos", de Chico Xavier e Emmanuel. Não foi exatamente o que está descrito no parágrafo acima?

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